quarta-feira, 23 de março de 2011

Tambor da Justiça no Pelourinho


Quem esteve presente na Festa de Nossa Senhora do Rosário, em Dezembro de 2010 , na Igreja do Carmo pode entender o que estou falando. Quem não apareceu? Tentarei explicar.
O cenário é uma Igreja Católica tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. O local é o Pelourinho; endereço conhecido por ser usado como “palco” de Lutas pela Igualdade Racial e de Direitos. Tudo isso misturado foi utilizado como ingrediente para a “receita perfeita” de Fé, Devoção e Respeito às Religiões Católicas nascidas há 300 anos.
Assim nasceu a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos. Eu seria lúdica se colocasse pra vocês que “foi simples” assim. Eu diria até que seria uma “afronta” aos estudiosos, historiadores e os “mais velhos” da Irmandade por explicar a você (leitor) de forma tão simplória o surgimento desta “ urna” de conhecimento, sabedoria e devoção que é esta Instituição Religiosa.
Homens, mulheres, crianças, idosos, jornalistas, historiadores. A Igreja Matriz do Carmo estava lotada na manhã de sol deste domingo.Fiéis e membros da Irmandade do Rosário dos Pretos comemoravam seus 325 anos de existência. Percussão e cânticos em homenagem a Nossa Senhora do Rosário deram o tom para que os presentes pudessem cantar agradecer e parabenizar todos os que fazem parte da Irmandade do Rosário dos Homens de Preto.
A atmosfera “cheirosa” pelos incensos que fazem parte da liturgia católica mexia ainda mais com os sonhos dos fiéis por um “mundo melhor” para se viver. De repente a percussão toma um “tom” mais alto na nave da Igreja do Carmo. Um canto negro em ritmo de Ijexá (Nação do Candomblé, formada pelos escravos vindos de Ilesa na Nigéria) foi o sinal para uma Irmã da Irmandade do Rosário entrasse pelo tapete vermelho da Igreja a cantar:
“ – Tambor da Justiça. A Bíblia . ”
Os movimentos de dança afro aliadas aos traços de felicidade daquela senhora, me fizeram repensar meus valores, meus ideais e minhas convicções como Jornalista e Gestora Social. Motivo? Como nossos ancestrais africanos se superavam em perpetuar sabedoria sem , ao menos, ter tido a oportunidade de sentar na cadeira de uma Universidade.
Um tema tão polêmico, como é tratado as referências entre a Bíblia e a Negritude, foi resumido em segundos por uma canção de Inclusão Moral e Religiosa para deter a Violência e a Intolerância sofrida pelos nossos irmãos negros no passado e que “sutilmente” é praticado nos dias de hoje na Bahia ,no Brasil e no Mundo .


Vídeo Texto e Foto : Patrícia Bernardes

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